O papel da Experimentação Animal
Luís de Andrade Martini
Nossa vida e bem-estar não dependem da experimentação animal. As experiências com animais apenas resguardam os interesses da indústria farmacêutica e associadas, possibilitando colocar no mercado drogas nem sempre seguras às pessoas. Experimentos em animais são conduzidos para amenizar as responsabilidades de laboratórios que lançam no mercado produtos que mais tarde poderão vir a prejudicar seres humanos.
Por exemplo, se o xampu que não deveria arder nos olhos queimou os olhos de uma menina, isso é visto como uma fatalidade; testes realizados em olhos de coelhinhos mostram que o produto é seguro. E quem pode provar que o cigarro está associado a alguma doença, quando experimentos com animais mostram resultados inconclusivos?
Após passarem por todos os testes ‘necessários’, em animais, e serem colocadas no mercado, muitas drogas precisam ser recolhidas. Isso porque seus efeitos adversos começam a se manifestar na população, muitas vezes de forma grave. Os testes em animais não podem prever esses efeitos, e isso é de conhecimento da indústria, mas há uma necessidade de que eles sejam conduzidos para prevenir a indústria de futuros processos.
Se todos os testes considerados necessários pela legislação forem realizados em animais a indústria se isenta de sua responsabilidade. As pessoas que vierem a falecer em decorrência do uso de um medicamento tornam-se fatalidades. Números aceitáveis frente aos possíveis benefícios do medicamento.
A ciência que utiliza animais de laboratório não é uma ciência boa, não apenas porque vitima animais inocentes, mas porque os resultados que produz prejudicam também ao ser humano. Esta metodologia conduz ao erro, ao atraso, a dados errôneos, à má-interpretação, à incoerência e ao desperdício de vidas. A abolição da vivissecção não é algo para ser pensado para o futuro, ela deveria ser algo do passado, é urgente. A utilização de animais em experimentos é um erro que se propagou na ciência e que ainda não foi suficientemente questionado. Cabe à sociedade como um todo se mobilizar no sentido de extingui-la.
Luís de Andrade Martini é psicólogo e professor de psicologia do curso de pós-graduação do Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo, onde também exerce as funções de supervisor de estágios e orientador de pesquisas científicas.